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Bandido bom é bandido morto?

Posted by Sinho Luis on 09:37
Uma cidade sitiada, o caos urbano insturado nas ruas, uma população assustada. Diante da ação criminosa da bandidagem - que dava como certo o refúgio da impunidade outra vez - o Poder Público reagiu à altura e bateu de frente para restabelecer a ordem. Em meio a tudo isso, a população do Rio de Janeiro vive um momento em que diversos sentimentos se misturam. O medo de sair de casa divide espaço com a esperança de estar vivendo um momento ímpar na história da cidade. Os cariocas encaram as investidas da Polícia e das Forças Armadas nas comunidades tomadas pela barbárie um divisor de águas. Os homens de bem foram provocados, cansados de ficarem à mercê dos traficantes, e agora querem muito mais do que justiça. Querem sangue.
O instinto humano, quando defrontado com situações de abalo psicológico intenso, é capaz de expor características de animosidade. Ódio, repulsa, vingança, são traços que extrapolam a razão. Não é de se espantar, portanto, que o tema pena de morte volte a ser discutido. As pessoas esperam não apenas que ponham as mãos nos bandidos. Esperam esmurrá-los, enforcá-los, de preferência com requintes de crueldade. Em contrapartida, criticam o pessoal do direitos humanos, atribuindo a eles hipocrisia, por quererem defender indivíduos que aparentam não ter mais solução. A invasão da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão é emblemática em todos os pontos de vista. Uma mega-operação sem precedentes, que conseguiu o que parecia impossível: fazer a sociedade apoiar irrestritamente a Polícia, tida tantas vezes como vilã. 
Numa época em que ficção e realidade se misturam, o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ocupa o lugar de um Capitão Nascimento como símbolo de confiança e esperança. Não vamos recuar, garantiu ele. Além disso, a Tropa de Elite extrapola as telas do cinema, e o Bope atrai a simpatia popular também no mundo de verdade. O cidadão, farto de se esconder e se omitir, não quer assistir a tudo passivamente. Sente que este é o momento de dar sua contribuição decisiva, e isso explica o número recorde de ligações para o disque-denúncia, um serviço que muita gente sempre encarou com desconfiança. Estão todos empenhados em lutar pela paz, não porque o Rio será sede de uma Olimpíada em 2016, mas porque ninguém aguenta mais o poder paralelo.   
E diante da parcimônia no cumprimento das leis, as redes sociais revelam as mais diversas manifestações maquiavélicas, defendendo que os fins justificam os meios. A solução salvadora para o fim da marginalidade estaria então no cemitério, e não nas penitenciárias. É preciso destacar que não há, no mundo, nenhum lugar que tenha comprovadamente reduzido a violência por conta da pena de morte, nenhuma ligação direta entre uma e outra. Mesmo assim, o assunto ganha proporções cada vez maiores por aqui, visto o clamor popular que toma as páginas de relacionamento. É uma discussão polêmica e bastante complexa. Até porque, na visão do brasileiro, pena de morte não é cadeira elétrica ou injeção letal, mas sim pegar um bandido no flagrante e fuzilá-lo. Algo parecido com o que era feito séculos atrás, quando criminosos eram mortos em praça pública, e partes do corpo eram espalhadas pela cidade, para servirem de exemplo.
Não podemos pensar, em pleno século 21, em medidas arcaicas como guilhotina ou fogueira. Seria muito mais sensato pensar em um sistema Legislativo correto e um Judiciário competente. Mas como o povo anda descrente demais disso, ainda mais diante de todas as atrocidades que são vistas diariamente, o lema do olho por olho, dente por dente parece muito mais prático e justo. O que é muito perigoso, já que resvala em uma anarquia que não cabe no contexto de uma sociedade moderna. E nem é garantia de solução para os nossos problemas.



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